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terça-feira, 27 de março de 2012

Momentos que fazem essa loucura valer a pena!


       Quem é aupair, ou já foi, há de concordar comigo que são os momentos junto com os amigos que fazem essa nossa "louca aventura" valer a pena. Há quem ainda acredite que nossa vida de aupair é  "mamata", "mamão com açúcar", ou qualquer outra expressão que se enquadre no que vocês conceituam como "moleza".
       Sinto muito trazê-los à dura realidade, mas vida de aupair está longe de ser essa vida mansa como muitos pensam. Há sim muitos momentos bons, prazerosos e indescritíveis, mas isso não pode ser utilizado para resumir 100% do nosso tempo aqui. Esses momentos são os que a gente conta, grita aos quatro ventos, registra no cartão de memória da câmera digital ou posta no mural do Facebook. Esses são os momentos que, como eu disse, fazem a nossa "vida de aupair" valer a pena.
       Eu, ultimamente, tenho tido muitos momentos não tão bons, confesso. Porém, não vim aqui hoje para enchê-los com as minhas lamentações, reclamações e surtos psicóticos. Hoje vim contar sobre mais um, de tantos outros finais de semana que a gente não se programa, mas acontecem coisas que o transformam em especial...

       O intuito no último sábado era fazer um picnic na praia de Long Beach, mas o Senhor Saint Peter (o São Pedro do lado de cá) nos fez o favor de esconder o sol atrás de muitas nuvens cinzas. Sendo assim, adaptemos então os planos. A Lais (Zinano, é outra Lais minha gente, não se confundam, mas é louca que nem a Picoli! - AMO AS DUAS.) veio aqui pra casa no sábado pela hora do almoço, onde entra um detalhe que me irritou com relação ao carro, mas como eu não quero e não vou entrar nesse mérito agora, fica pro próximo post. 
       Buscamos a Anelise em casa e fomos em um mercado brasileiro em Mineola, onde eu presenciei uma cena que eu achei não viveria esse ano: entrar em um mercado, olhar pra cima e me deparar com um teto repleto de ovo de chocolate! Tudo bem que não podemos comparar com os mercados do Brasil, mas valeu a intenção né.

 

       A noite fizemos um jantar, escondidinho de frango, na casa da Ane. Que coisa mais gostosa, a gente na cozinha, conversando, tomando vinho e ao mesmo tempo com a família no skype (uma hora a minha, na outra a da Ane). Depois, sentar na mesa pra jantar e ter música "ao vivo", o irmão e o cunhado da Ane tocando violão e cantando através da internet. DILIÇA, não só o jantar mas também a companhia no geral.


          Já no dia seguinte... Acordamos e fomos tomar café, aproveitamos para ficar de conversa com a minha host family que tava em peso lá na cozinha. Conversa vai, conversa vem, eles perguntaram como a Lais veio da casa dela (Staten Island) pra cá e ela respondeu que tem que ir pra NYC e de lá vir de trem pra cá. Nesse hora a minha digníssima disse que tem um ônibus que vai pra lá que sai do Brooklyn, e que eu poderia dar carona até lá. Ok então, já que ela deu ideia, simbora!
       Põe-se gasosa no carro, que diga-se de passagem está custando o meu rim, e vambora se aventurar pelo Brooklyn. Até que tivemos a brilhante ideia de dar um "pulinho" no Brooklyn Bridge Park, um parque embaixo da ponte. E quando estávamos quase chegando, resolvemos fazer um vídeo, que se tornou o registro de um big erro de nós duas! Confundimos, descaradamente, a Manhattan Bridge com a Brooklyn Bridge, o pior foi assistir o video depois e ver que tava tão claro e a gente nem percebeu...
       Ok, depois da confusão registrada e do carro estacionado, é hora de aproveitar o parque, mas não sem antes fazer aquela pausa pra manutenção do vício nosso de cada dia, doce! Primeira parada? Brooklyn Ice Cream Factory, uma sorveteria diliçinha bem na entrada do parque...



Mary, Lais e Cris (nosso fotógrafo particular!) :D



       Claro que tivemos que fazer um vídeo lá, clique aqui para assistir. Confessem que vocês já estavam com saudades desses videos maluquetes por aqui né! Pois é, fiquei um tempinho sem fazer mas voltei às mega produções. hahahaha 
       E para um fim de semana com previsão de chuva o dia inteiro, não é que o Senhor Sol nos deu o ar de sua graça no final do dia? Gente, que lugar, que visão, que astral... INDESCRITÍVEL! Quero voltar lá quantas vezes puder. Fica a dica, você sai renovada depois de uma vista como esta...





       Bom, como tudo que é bom dura pouco, fim do dia de domingo é igual a hora de ir embora pra casa preparar o psicológico pra semana que está pra começar, mas não sem antes fazer mais um vídeo né? Assistam aqui e prometo que esse foi o último!

       E são por finais de semana como esse que a gente suporta certas coisas durante a semana. São por momentos tão simples, mas tão especiais como estes que a gente engole sapos, brejos e às vezes até a fazenda inteira.
       Por isso que eu digo, no seu momento off, saia de casa, encontre seus amigos, mesmo que para fazer nada, pelo menos faz-se nada em boa companhia. Desde o começo eu aproveito meus momentos off até o último segundo, faço eles valerem a pena sempre. Pois são eles que me dão força para suportar até o próximo final de semana...

       Super beijos pra todos pois hoje meu humor está melhor do que ontem, sabem porque? Simplesmente porque ver essas fotos me trouxeram a memória o excelente fim de semana que eu tive...  

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bus Party, St. Patrick's Day e Bye Bye


       Bom, no post anterior eu prometi contar pra vocês sobre a Bus Party que eu fui no sábado retrasado, porém eu tinha pensado seriamente em não comentar nada devido as circunstâncias mas as meninas me cobraram e também não achei justo com vocês! Sendo assim...
        No sábado, 10 de março, fizemos uma festa em Manhattan para nos despedirmos de duas amigas, a Maria Rita e a Juliana. Mas não uma festa qualquer, uma Bus Party, isso mesmo, uma festa num ônibus. 3 horas de pura bagunça pelas ruas dessa cidade que nunca dorme.
        E se vocês pensam que 3 horas é pouco, é porque vocês não conhecem essa galera. que sabe dar valor a cada minuto. Bebemos, dançamos, rimos, curtimos. Essa noite ficou na memória, não só pela bagunça alucinada que fizemos, mas também pelos roxos que todas nós ficamos no dia seguinte. Claro, porque as bonitas esqueceram que o ônibus estaria em movimento, e a cada acelerada/freada era sinônimo de todo mundo caindo pelos cantos e muita, muita gargalhada!

A última foto foi do que restou do ônibus no fim do trajeto! 

        Agora vocês imaginam, 35 pessoas nesse espaço aí em cima e em movimento! Misericórdia, não sei como não tivemos mais acidentes. Mas no final todos saíram vivos, não inteiros, mas vivos. E de lá, fomos (Lais, Anelise, Eliene e eu) para New Jersey comemorar o aniversário da Luana e do Cris. Agenda cheia essa não?
        O dia seguinte foi um dia super gostoso. Ficamos na varanda tomando sol (sabe aquele solzinho de inverno? Bom né?) e conversando, contando histórias, uma delícia. Tomamos café com direito a pão francês e queijo minas, e o almoço com strogonoff de frango e batata palha... ADORO!

        Já este último fim de semana foi tão agitado quanto. Sábado, 17 de março, é comemorado o St. Patrick's Day, ou Dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda, que é comemorado por todos os países que falam a língua inlgesa. Pra mim esse feriado é mais uma desculpa pra gente fazer farra na rua. Não que eu esteja reclamando, looonge mim, até porque eu AMEI a farra que fizemos. :p
         No sábado de manhã acordei as 6 da manhã, isso mesmo, você não leu errado, eu tinha que pegar o trem das 7:38 pra estar 8:30 em NYC. E lá fomos nós pra nossa primeira parada do dia, o Village PourHouse.


 
Se eu contar que são todas brasileiras vocês acreditam? 
E nessa foto nem estavam todas!


         TUDO era verde! Nós nos vestimos de verde, usamos acessórios verdes, e até a comida e a cerveja eram verdes. Tudo bem que as cores da Irlanda também incluem o branco e o laranja, mas é o verde que predomina. E é claaaro que eu não ficaria de fora e tratei logo de providenciar meu "green look". :D 
          E por incrível que pareça, estava tudo gostoso, JURO! Não vou dizer que era saudável, pois na hora nem queria saber o tanto de corante que aquilo tudo devia ter, mas o gosto era bom e o ambiente diverto, isso que mais importava.
          Nós compramos uma promoção num desses sites estilo Groupon onde por 25 doletas fechamos o pacote com o ingresso pro bar, café da manhã e open bar até meio dia. Vocês acham cedo? Vocês não viram a animação que esse povo tava, nem parecia que tínhamos acordado tão cedo em pleno sabadão.
 


          Saímos de lá por volta de 1h da tarde, rumo a outro bar mas não sem antes fazer uma parada mais do que estratégica num McDonalds qualquer, afinal, só cerveja não ia funcionar né! Paramos no Continental (outro bar) e ficamos por lá até umas 5h da tarde. 
          Fomos para um terceiro bar, porém não ficamos muito tempo (quase nada) pois o ânimo não era mais de bagunça e sim de fofoca. E foi a vez da pausa para tomar um sorvete e falar abobrinhas. Até porque, um dia bem aproveitado tem de tudo um pouco não é?

          Contudo, saindo de lá foi a vez de nos despedirmos, cada um tomando seu caminho de casa. Mas uma dessas despedidas era diferente... Era um "tchau" mais doído, um "até logo" carregado de emoção e de tantas lembranças. 
         Mesmo sabendo que nos veremos um dia, mesmo sabendo que o que construímos é mais do que uma simples amizade, mesmo sabendo disso tudo, eu chorei. Chorei como choro agora de pensar que falei "bye bye" pra mais uma pessoa que tanto marcou a minha história aqui.
          Infelizmente nada é perfeito e como eu aprendi há muito tempo atrás, tudo que é bom dura pouco, mas o tempo necessário para ser inesquecível. Conhecer essa baixinha e mineirinha porreta da Maria Rita foi algo surpreendente, pois não só ela entrou na minha vida como chegou trazendo uma galera que conquistou um lugar no meu coração.
          Maria, faça uma boa viagem de volta. Leve na sua bagagem muito mais que as compras feitas, mas também as lições aqui aprendidas. Lembre-se com carinho das alegrias que vivemos juntas e também das tristezas para que possam servir de amadurecimento na sua vida. Te amo e não foi mesmo um "adeus", foi um "até logo, te vejo em novembro". Te amo!

          Mais um fim de semana agitado, mais uma despedida. E a gente segue assim, conhecendo algumas novas pessoas, despedindo de outras, aumentando sempre a bagagem de recordações. Um beijo pra vocês e uma excelente semana...

terça-feira, 13 de março de 2012

Estudando nos Isteitis


       Todos sabem, ou quem não sabe vai ficar sabendo agora, que o intercâmbio de aupair não é só trabalho (baladas, viagens, compras e etc.), também inclui estudos. Isso mesmo, temos que exercitar o tico e o teco também!
       No nosso caso, ao final do nosso ano devemos comprovar 6 créditos ou 72 horas de curso, que pode ser do que você quiser. Mas deve-se prestar atenção se a universidade que você escolher é aceita pela agência. Só mandar um email pra sua lcc (coordenadora local) que ela vai te ajudar nisso.

       Eu fiz 2 cursos, 3 créditos cada um. O primeiro na Molloy College, em Rockville Centre, aqui pertinho de casa. Optei por um curso de inglês mesmo, “Reading and Writting Advanced Class”, ou seja, “Lendo e Escrevendo Classe Avançada”. Gostei muito do curso, pois era praticamente um curso de redação em inglês.
       Aprendi várias técnicas de escritas e fui muito elogiada pelo professor, que só não gostou mais pelo fato de eu ser sincera e discordar em vários pontos do que ele falava ao defender os Estados Unidos. Como uma vez que eu falei que achava os americanos egocêntricos demais. Não tenho culpa se o país dele não é tão perfeito quanto ele pensa. Hahahaha
       Enfim, minhas aulas eram segunda e quarta à noite, e o curso durou de setembro a dezembro do ano passado. Ah, não posso esquecer de registrar que a bonita aqui fechou com nota A. Sim, aqui as notas não são com números como no Brasil, são com letras. O A seria o 10 (cof cof) e o F seria ... (algo bem baixo, mas não sei se chega a ser zero!).


       O outro curso que eu queria era de international business, mas a anta aqui (sim ali em cima eu fui bonita, mas pulei pra anta rapidinho...) deixou pra registrar na última semana e o que aconteceu? Exato, não tinha mais vaga. Porém eu tinha pressa em finalizar meus créditos, pois precisava enviar o comprovante para a agência.
       Optei por um curso de final de semana na Long Island University no campus de C. W. Post, que fica em Brookville, aqui mesmo em Long Island. Esse curso você pode optar por um modo onde você paga uma taxa a mais e tem direito a uma vaga no dormitório, ou pelo outro de só ir nas aulas.
       Na época da inscrição eu perguntei pra minha bonita e ela me disse pra ficar por lá, pois poderia estar nevando e a universidade não é tão perto. ARRAM! Nevando... Fez mó solzão! Hahahaha
       Enfim, no curso aprendi sobre os 50 estados desses Estados Unidos. Vi um pouco de tudo, geografia, história, fatos curiosos e muito mais. Tudo isso só serviu pra me atiçar mais ainda a conhecer todos esses lugares. Ai ai, se antes eu já achava minha listinha de viagens grande, agora então... Quero nem ver como vou fazer!

Igualzinho eu via nos filmes! Tem até aquelas fraternidades. :D

Brasil, Alemanha, Espanha, Alemanha, China
Africa do Sul e Alemanha

 
Trabalho em grupo! 

        Desde o começo a nossa professora avisou que no último dia haveria um Quiz Show, onde o grupo vencedor teria como prêmio a opção de não ter que fazer o homework (dever de casa) que era obrigatório. Dou um doce pra quem adivinhar quem ganhou! Sim, o meu grupo. Delícia ver todo mundo recebendo a folha dos deveres menos a gente. Muuuuhauahuahuaha #puramaldade
        Ah mas fizemos por onde também. O quiz era sobre TODOS os estados, eram perguntas sobre fatos curiosos de cada um, sobre a história e tudo que vimos no fim de semana inteiro. Agradeço a Deus a nossa boa memória e a rapidez do Simon e levantar da cadeira pra podermos responder primeiro! hahahaha

       Um fato curioso foi que, nesse curso eu era a única brasileira, o que foi bom, pois me permitiu treinar mesmo o inglês né! Mas o legal mesmo foi ver o quanto o Brasil está se enfiando na cultura europeia...
       Primeiro momento foi quando uma das meninas, a Raquel (da Espanha) me perguntou “ah, você é do Brasil né? Bem tem um cara fazendo o maior sucesso lá na Europa...” Já preparada pra resposta que eu SABIA que vinha, perguntei quem era... “Michel Teló!”. Ela cantou a música na versão brasileira e ainda disse que prefere essa a outra versão em inglês.
       O segundo foi quando estávamos no dormitório, revezando o computador da Raquel porque a minha internet não funcionava nem por decreto. Estou eu lá, toda serelepe futicando no facebook (depois de 24h sem nem uma olhadinha, vício é foda!) quando ouço uma música brasileira. Parei e pensei, “uai, eu sou a única brazuka e não coloquei nada pra tocar...”. Quando eu vejo, é a alemã, Maud, ouvindo Paula Fernandes e CANTANDO em português.
       Depois do minuto de incredulidade da minha pessoa, eu busquei minha câmera e registrei o momento né! Clique aqui para assistir. Uma coisa é esse povo saber do "ai se eu te pego" que já virou febre mundial mesmo e já meio que me acostumei. Mas a outra foi novidade pra mim. Achei muito legal!

        E mesmo com tantas horas de estudo, o fim de semana foi bem aproveitado. Sexta a noite fiquei pela universidade mesmo. Sábado fui encontrar a Jéssica que eu não via desde o ano novo (tem vergonha não menina?) e domingo fui pra casa do Ricardo onde tava rolando um xurras bem brasileiro, com direito a maionese e tudo! :D

        Bom, eu sei que tem uma GALERA esperando ansiosamente (ou não, devido ao medo do que eu vá escrever) pelo post sobre esse último fim de semana. Foi a despedida de uma grande amiga minha, a Maria Rita. Fizemos A FARRA numa Bus Party em Manhattan. Mas eu vou contar os detalhes (não todos, óbvio!) no próximo post. Aguardem e confiem!
         Beijos e boa semana procêis!

terça-feira, 6 de março de 2012

Parte da família?


       Não é de hoje que eu vejo as aspirantes a aupair perguntarem a respeito deste tópico. Se somos mesmo parte da família e até que ponto isso é bom ou ruim. A opinião que eu vou dar agora, é MINHA. Muitas atuais e ex aupairs hão de concordar comigo, do mesmo jeito que muitas irão discordar e até criticar. Sei que muitas já passaram por coisas piores, vão querer me matar e dizer que to reclamando demais. Mas eu não tô nem aí, meu intuito hoje é desabafar.

       Parte da família... ser ou não ser, eis a questão. Eu não quero, nunca fiz questão e não é agora que isso vai mudar. Simplesmente porque acho que isso não existe. Família mesmo é a que me aguarda no Brasil. Que me aceita do jeitinho que eu sou, que mesmo brigando todo santo dia, mesmo discordando em inúmeras situações, nos AMAMOS.
       Amor. É isso que uma família tem em comum. Gosto demais dos meus pimpolhos e não posso dizer que também não goste dos meus “fofos”. Mas há um limite. Antes de tudo, considero-os como chefes. E cá pra nós, é o que são mesmo. Do mesmo modo que somos empregadas.
       Concordo que não é tão simples, pois uma vez que compartilhamos o mesmo teto, a gente tende a se apegar mais e todo aquele blá blá blá. Mas a pergunta que eu me fiz essa semana é: até que ponto pode chegar essa afinididade? A partir de que momento deixamos de ser empregadas para ser “parte da família”?

       Deixa eu contar o que aconteceu nesta última semana que me levou a escrever sobre assunto aqui hoje. Era pra ter contado aqui antes mas eu fiquei sem internet no fim de semana pois estava no curso, mas sobre isso eu falo em outro post. Fim de semana retrasado, como vocês viram no post anterior, eu fui para Massachusetts. Acontece que ao sair de casa na sexta-feira, a anta aqui fez a proeza de trancar a porta do quarto pelo lado de fora. A minha porta não tem chave, é uma tranca por dentro somente. Mas tive a sorte de já ter tirado as minhas coisas do quarto.
       Antes que eu entrasse em desespero, minha “fofa” disse que eu podia ir, senão perderia o trem e que depois meu host dad daria um jeito de abrir a porta. Ok! Então simbora pro fim de semana que eu tanto esperei.
       Tudo muito bom, tudo muito legal. Domingo, voltando pra casa, resolvo dar sinal de vida pra eles e aproveitei pra perguntar do quarto. Quando para a minha surpresa, a minha “digníssima” me responde que “sim, conseguimos abrir a porta do seu quarto, ah eu aproveitei e dei uma de mãe, limpei seu quarto”...
       WHAT? Como assim minha gente? A louca abriu a porta e resolveu arrumar meu quarto? E antes que as más línguas apareçam, não estava bagunçado não, pois eu arrumei quando arrumava minha mala na quinta-feira a noite. Eu sei que não estava 100%, lembro que minha papelada tava mesmo bagunçada.
       Mas isso não importa. Mesmo que tenha explodido uma bomba, mesmo que esteja mais do que zoneado, isso não dá direito para que ela INVADA A MINHA PRIVACIDADE. Ah qual é, meu quarto é o único cantinho naquela casa que eu posso chamar de “meu” e mesmo assim é um “meu” temporário.
       Ok, não vamos pirar antes de ver o que realmente aconteceu. Cheguei em casa e eu NUNCA senti tanto receio em entrar no meu quarto como naquele dia. Não notei muita diferença, até que comecei a reparar nas pequenas coisas... Cadê minhas garrafinhas de água? Cadê meu pacote de biscoito que estava aqui? E meus bombons? Cadê meus recibos do cartão?
       Pois é, ela jogou tudo isso fora (ou comeu né!). Olha, vou confessar uma coisa pra vocês, antes de vir pra cá eu era vista por todos como uma menina super explosiva, não pensava antes de falar e agia por impulso. Mas quando cheguei aqui, percebi que essa era a primeira coisa que eu tinha que mudar. E mudei.
       Mas naquele dia... Eu ainda não sei como não dei na cara dela! JURO. A minha vontade era essa. Que AUDÁCIA mermão. Cara, to indignada até agora.


       Enfim, fui procurar a bonita pra conversar. De acordo com ela meu quarto estava uma mess (bagunça em inglês). COM LICENÇA, mas mess tava a bunda dela. Ah não, não admito ela se referir ao meu cantinho daquele jeito. Disse que eu não posso levar comida pro quarto... HELLO, tinha UM pacote de biscoito que EU comprei e tava FECHADO.
       Ainda disse que estava magoada porque eu tirei as fotos dos meninos de uma das molduras... JURO que quase dei nela! Filha, seus pirralhos eu vejo todo dia, não sinto falta, prefiro ter foto da minha família que tá longe e eu não posso ver todo dia. “Ah mas as fotos foram tiradas por fotógrafo profissional”, mas minha querida, eu guardei as fotos, não cuspi, rasguei, amassei nem joguei fora.
       Ah e disse também que tinha muito lixo espalhado, não resisti e perguntei, que lixo??? Ah, tinha umas garrafas de plástico e uns papéis, ela me responde. Claro, as garrafas eu uso pra beber água e os papéis também eram meus.

       E foi assim que a minha semana passada começou. Linda não? E pra completar, o “fofo” passou mal a semana inteira e ficou dentro de casa. O que torna a minha vida um inferno. Simplesmente porque eles ficam de butuca em todos os meus passos, não fico a vontade pra nada.
       Na terça-feira ela também inventou de que estava doente, o que significa os dois dentro de casa me vigiando. Até aí, tuuuudo bem, eu consigo. Mas quando foi chegando o horário de eu ficar off, a bonita vem fazendo charme de que vai precisar da minha “ajuda” a noite pois não está se sentindo bem. Alguém avisa pra ela que “ajuda” é uma coisa, trabalho escravo é outra.
       Trabalhei 3 horas a mais, tendo sido avisada em cima da hora e ainda aguentando todo mundo aqui de ovo virado. LEGAL! (not)
       Ah mas eu já cheguei ao ponto de falar na cara e deixar a coisa explodir pra ver no que dá. Naquele momento eu fiquei quieta mas já pensando que ia ter volta. No dia seguinte ela veio me agradecer e eu falei que não tinha problema, mas que como eu a “ajudei” no dia anterior, precisava da ajuda dela pra sair mais cedo na sexta-feira. #faleimesmo
       E não deu outra, sexta-feira ela já tinha mudado meu horário pra eu sair mais cedo. Só que ela havia remanejado as horas. Ué, e as horas a mais que eu fiz? Cara de pau de novo. Acordei passando mal e ela tinha me dado 30 minutos off de manhã, só pra não passar de 45h semanais. Olhei na cara dela e falei, “será que você poderia me dar as horas que eu trabalhei extra na terça? Não estou me sentindo bem e queria descansar.” 4 horas de sono depois acordei renovada! Hahahaha

       Então fica a dica pra vocês atuais e futuras aupairs, não tenham medo de falar, se eles pedem “favores”, nós também podemos pedir. Depois que eu comecei a usar essa tática, o número de favorzinhos diminuiu. #vaipormim
       É por isso que eu digo que não faço questão de fazer parte da família. Eles falam isso só para pedirem favorzinhos e não se sentirem culpados por isso. Já passo a semana inteira, o dia inteiro cuidando desses meninos. Meu momento off é MEU, não quero ficar rodeada de criança me pedindo coisa o tempo todo. Sim, porque eles não entendem quando eu to off ou não, ou seja, pra eles eu trabalho o tempo todo.

       Sei que é errado generalizar sabe, até porque eu já tive bons momentos com eles aqui. Já me levaram para jantar fora, me levaram no zoo e no aquário, fora outras atividades por aqui. Eu sei que eles tentam me incluir nas atividades deles, isso por um lado é legal, mas por outro é cansativo. Não pensem vocês que é só sair e aproveitar, você meio que se sente na obrigação de ajudar em forma de agradecimento, o que no fim das contas é quase como o seu trabalho.
       Eu só sei que aqui confirmei uma coisa que eu sempre soube, convivência é uma merda! hahahaha Ah, mãe, me desculpe pelas palavras não muito educadas no post de hoje, mas tem hora que só elas expressam o que eu quero dizer, a culpa não é minha. :p
       É, tem que ter um jogo de cintura muito bom pra não surtar. Esses últimos dias eu pensei muito numa tal palavrinha que toda aupair teme (rematch), mas graças a Deus eu só pensei e não fiz nada a respeito. Viu mãe, aprendi a não agir tanto por impulso. Não é sempre que funciona mas eu chego lá...
       E só pra me quebrar, ontem quando acordei, meu mais velho veio correndo me abraçar, dizendo que sentiu muito a minha falta no fim de semana, perguntou como tinha sido minha aula, me contou as coisas que fez e no fim me solta "I love you so much, never leave me again!". Ok, resolvo acordar os gêmeos e ao entrar no quarto deles sou recebida por uma festa deles, os dois com aquele big sorrisão lá me olhando e gritando animados "Iana, Iana!". De cortar a gente né?

       Pois é, como eu disse é uma faca de dois gumes né. Como eu sempre soube, nada é perfeito, tudo tem seus prós e contras, mesmo que as vezes pareça que tem mais contras que prós, os prós vem depois pra arrebentar contigo. 
       É isso, vivendo e aprendendo. Um dia a gente chora, no outro dá gargalhada. Numa hora a gente se odeia, na outra é só amor. Isso é família? Sim, concordo. Mas não sou "parte da família", sou uma pessoa de fora mas que é querida por eles e estou satisfeita com o posto que tenho. Afinal, limites nem sempre são ruins... E no fim, nosso lema é o mais certo: "A gente se fode mas se diverte!".

       Uma boa semana pra vocês!
       
 Ps.: Me desculpem pelo desabafo, mas todos temos dias ruins né!

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